Kia lança compacto Rio e mantém esperança de crescer no país
A promessa era antiga: desde 2011, a Kia falava em vender o compacto Rio no mercado brasileiro. O carro chegava à sua terceira geração naquela época e a marca sul-coreana vivia seu melhor momento no Brasil.
Então veio a sobretaxa no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), seguida do regime de cotas para venda de carros importados, medidas que quase inviabilizaram o negócio. Com o fim dessas barreiras, a empresa volta a investir.
O hatch Rio, que agora está na quarta geração, passou a ser produzido no México. Segundo José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors no Brasil, o volume de produção é suficiente para atender o mercado brasileiro com folga, embora as expectativas sejam modestas.
“Não espero um boom, a retomada dos carros importados será mais lenta que a dos nacionais”, diz o executivo.
Gandini acredita que ao menos 12 mil carros da marca sul-coreana serão vendidos no Brasil neste ano. Em 2019, a montadora emplacou 9,3 mil unidades no país, de acordo com a Abeifa (entidade que representa as importadoras).
Embora tenha sido lançado globalmente em 2016, o compacto de origem sul-coreana segue atual diante de seus principais concorrentes, que são Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Ford Ka, Toyota Yaris e Volkswagen Polo.
O Rio compartilha a plataforma com o HB20, mas é maior e tem desenho menos ousado. A Kia adotou um estilo conservador, que lembra o de carros médios alemães.
Motor e câmbio também são os mesmos usados em automóveis Hyundai: 1.6 flex (130 cv), aliado a uma caixa automática de seis marchas.
O Kia Rio tem duas versões disponíveis. A LX (R$ 70 mil) traz ar-condicionado, direção elétrica, sistema de som compatível com smartphones, rodas de liga leve aro 15 e controles de estabilidade.
A opção EX (R$ 79 mil) recebe bancos e volante forrados de couro, ajuste automático do sistema de refrigeração e rebatimento elétrico dos retrovisores externos.
As dimensões do compacto da Kia remetem aos hatchs médios dos anos 1990. Seu comprimento de 4,06 m é praticamente o mesmo do Volkswagen Golf 1994 (4,07 m), e o Kia tem 3 cm a mais de largura na comparação com o antigo modelo alemão.
Em um curto teste ao volante da versão LX, o Rio mostrou-se adequado ao asfalto ruim, sendo tolerante a buracos e ondulações. Gabriel Loureiro, diretor de engenharia da Kia Motors, diz que não foi preciso fazer adaptações, pois o carro já estava adequado para rodar no México —que tem ruas e estradas semelhantes às do Brasil.
A falta da regulagem de profundidade do volante torna mais difícil encontrar uma boa posição para dirigir. Outra falha é a ausência de medidores de consumo no computador de bordo, problema comum a todos os Kia equipados com motor flex.
Diante dos concorrentes diretos, o Rio se sobressai pelo rodar silencioso e por oferecer uma certa exclusividade dentro de um segmento gigantesco. De cada 100 veículos vendidos no Brasil, cerca de 28 são hatches compactos.
Para fazer sucesso, o novo carro da Kia depende da expansão da rede de concessionárias. Havia 180 lojas em 2011, mas, após as restrições aos importados seguidas pelos anos de crise, restaram 80. Hoje, a empresa prepara a inauguração de 15 novos pontos de venda no país.