Aos 40, Volkswagen Gol atinge melhor forma com câmbio automático
A fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) expõe um painel gigante em sua fachada. Quem passa pela rodovia Anchieta vê a traseira de um Gol em destaque, sinal de que o modelo mantém o prestígio após 40 anos de mercado e 8,5 milhões de unidades produzidas.
O hatch compacto estreou em maio de 1980 com motor 1.3 a gasolina (42 cv) refrigerado a ar. Não demorou para ser substituído: faltava força e sobrava vibração.
Após o começo claudicante, a VW acertou o carro e, ao longo dessas quatro décadas, liderou as vendas por quase 30 anos e lançou clássicos da indústria automotiva nacional.
A linha atual não comporta sonhos de consumo como as antigas versões GT, mas, enfim, oferece câmbio automático de verdade. A caixa de seis marchas estreou no segundo semestre de 2018 e deu nova vida ao Gol.
A opção que dispensa o pedal de embreagem tem motor 1.6 flex com 120 cv, mesma potência do GTI 2.0 de 1989.
Apesar da proximidade dos números, o Gol mais caro dos dias de hoje não tem a mística do topo de linha de 21 anos atrás. Trata-se de um carro racional, com acabamento simples e bom desempenho.
A avaliação começa com uma decepção: o ajuste de altura do banco continua ruim. O motorista aciona uma alavanca e sente o assento se inclinar para trás. É preciso erguer o corpo para encontrar uma boa posição ao volante.
Passado o primeiro desafio, vem a parte boa: completo, o Gol avaliado tem sistema multimídia que se conecta a smartphones, comandos de som no volante, piloto automático e rodas de liga leve. Todas as janelas trazem acionamento elétrico, bem como os retrovisores e as travas das portas.
O preço começa em R$ 61,4 mil, porém, com todos os itens disponíveis, o valor do Volks chega a R$ 65.870. Não é pouco, mas mantém o modelo competitivo. Com os mesmos itens, o Renault Sandero 1.6 automático é anunciado por R$ 68,4 mil, mas oferece quatro airbags (há apenas dois no Gol), controle eletrônico de estabilidade e ar-condicionado com ajuste automático.
Após achar a melhor posição possível ao volante, o motorista do Gol descobre que o carro está em sua melhor forma. Bem disposto e bom de curva, o compacto VW mostra que suas qualidades vão além de uma mera compra racional.
O desempenho é equivalente ao do Polo 1.6 automático, que custa entre a R$ 66 mil e R$ 70,7 mil. Embora seja mais caro, é também mais moderno: sua plataforma MQB o coloca no mesmo nível dos Volks vendidos na Alemanha.
Já o Gol é coisa nossa, nasceu e cresceu no Brasil. Uma nova geração está perto de ser revelada, apesar de a pandemia do novo coronavírus ter travado investimentos e modificado cronogramas.
O novo cenário deve tornar o compacto da Volks ainda mais importante, pois é provável que projetos locais de menor custo ganhem força. Há outros 40 anos pela frente.
Teste Folha-Mauá – VW Gol 1.6 automático
Preço a partir de R$ 61,4 mil
Motor dianteiro, transversal, flex, quatro cilindros, 1.598 cm³
Potência 120 cv (e) e 110 cv (g) a 5.750 rpm
Torque 16,8 kgfm (e) e 15,8 kgfm 4.000 rpm
Transmissão tração dianteira, câmbio automático de seis marchas
Peso 1.055 quilos
Porta-malas 285 litros
Pneus 195/55 R15
Aceleração (0 a 100 km/h) 11,6s (e) e 12,8s (g)
Retomada (80 a 120 km/h) 8,3s (e) e 9,9s (g)
Consumo urbano 7,3 km/l (e) e 11,8 km/l (g)
Consumo rodoviário 14,1 km/l (e) e 19,1 km/l (g)
Comprimento 3,89 metros
Entre-eixos 2,47 metros
Largura 1,66 metro
Altura 1,47 metro