GM anuncia nova picape nacional e confirma tendência de mercado
Hoje dominado pela Fiat, o segmento de picapes cabine dupla (quatro portas) com vocação urbana já é tendência e terá um novo concorrente.
A General Motors confirmou nesta segunda (10) que vai produzir um novo utilitário sobre a plataforma da família Onix. O modelo faz parte do ciclo de R$ 10 bilhões em investimentos que teve início em 2019 e vai até 2024.
Será uma picape com tração dianteira e cabine similar à do SUV compacto Chevrolet Tracker –os modelos dividirão a linha de produção em São Caetano do Sul (Grande São Paulo). Segundo a montadora, a fábrica será preparada em várias etapas, processo que terá início ainda no primeiro semestre.
“Adicionar um produto totalmente novo numa linha de montagem ativa é sempre uma jornada complexa, principalmente diante dos desafios tecnológicos que o projeto impõe”, diz, em nota, Luiz Carlos Peres, vice-presidente de manufatura da GM América do Sul. “A preparação da fábrica será executada em diversos estágios, que levarão meses cada um deles.”
A estreia da nova picape deve ocorrer no segundo semestre de 2022. A principal concorrente será a Fiat Toro, que acaba de receber um novo motor 1.3 turbo flex (185 cv), mudanças de estilo e mais equipamentos.
A Volkswagen prepara uma outra concorrente, que foi apresentada como conceito no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em 2018. Chamada Tarok, teve seu desenvolvimento interrompido devido à pandemia de Covid-19, mas deve chegar às lojas no próximo ano.
Outros modelos estão a caminho: a Renault irá renovar a Oroch e a Ford deve importar a Maverick, que está em desenvolvimento.
É provável que a GM mantenha a nomenclatura de sua picape compacta atual: Montana. Em nota, Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, diz que o modelo complementará a linha de picapes da empresa, que acaba de renovar a S10.
Com a necessidade de melhorar a rentabilidade e agradar a um público cada vez mais interessado em utilitários, as picapes com vocação urbana serão a próxima onda do mercado. O movimento vai lembrar o que ocorreu com os jipinhos desde o início do século 21.
Com longas filas de espera e muita procura pela versão quatro portas, a nova Fiat Strada repete o sucesso que o Ford EcoSport fez em 2003.
Além de chegar no momento certo ao mercado– dali em diante o Brasil passaria por uma década com seguidos recordes de vendas– o SUV compacto da marca americana materializou o desejo dos consumidores e elevou a rentabilidade da montadora.
Sem projetos prontos no segmento de utilitários compactos, a concorrência demorou para acompanhar o EcoSport e adaptou carros já existentes à moda aventureira. Surgiram os modelos convencionais com estepe pendurado na tampa traseira, como Volkswagen CrossFox e Fiat Idea Adventure.
Com o fechamento das fábricas da Ford no Brasil, o pioneiro entre os jipinhos urbanos saiu de linha no país, mas segue presente em mercados da Ásia, da Europa e da América do Norte.
A GM se movimenta para não perder espaço. A Chevrolet, sua única marca de automóveis no Brasil, foi líder de emplacamentos nos últimos anos. Em 2021, a Fiat, que agora é parte do grupo Stellantis, assumiu o posto pela maior capacidade de produção em meio à falta de componentes e pela força de Strada e Toro.
Em abril, a dupla de origem italiana ocupou as primeiras posições em vendas entre os veículos comerciais leves. O dado é da Fenabrave, entidade que representa os distribuidores de carros, motos, ônibus, caminhões e implementos agrícolas e rodoviários.
No segmento de utilitários compactos, o Chevrolet Tracker foi o mais vendido no último mês. Com a nova picape nacional, a GM deve consolidar a estratégia de retomada da rentabilidade associada ao grande volume de vendas.